“On the Origin of Mitosing Cells” teve um impacto muito amplo, embora tenha sido inicialmente controverso – foi rejeitado por mais do que uma dúzia de revistas científicas antes de surgir, enfim, nas páginas do Journal of Theoretical Biology. Porquê? Nos anos 60, era consensual que as células eucarióticas (células que contêm um núcleo) e os seus organitos subcelulares tinham evoluído de um modo estritamente vertical a partir de cianobactérias. Margulis (Sagan) teve a audácia louvável de rejeitar esta ideia: propôs então que as mitocôndrias, os plastos das algas e das plantas e o flagelo não tinham evoluído dentro da célula, mas que tinham de facto derivado de bactérias que, em tempos, eram de vida livre. Hoje, no conforto de uma retrospectiva, sabemos que ela estava certa em duas das suas três hipóteses: as mitocôndrias e os plastos são comprovadamente de origem endossimbiótica, mas não há (pelo menos até agora) provas convincentes que suportem a hipótese de o flagelo eucariótico ter evoluído a partir de uma bactéria espiroqueta. (…) Os leitores portugueses podem, agora, desfrutar do primeiro contributo de Lynn para a simbiose, um campo de investigação que ela inspirou e cuidou ao longo da sua próspera carreira. Espero que o descubra divertido e informativo.
John M. Archibald (do Prefácio)