Projecto Financiado Nacional (concluído)

Afinal o que é a Ciência?

Investigador Principal
Olga Pombo \ GI3 - Filosofia da Tecnologia, Ciências Humanas, Arte e Sociedade

Co-Investigador Principal
António Cruz \ ESAD

2013 - 2014


Descrição do Projecto

Os avanços técnicos e tecnológicos das últimas décadas têm sido admiráveis. Hoje a ciência permite, entre outras coisas, clonar vacas transgénicas, produzir linhas xenoplásticas de células estaminais em cultura, regenerar órgãos, fazer a microdissecção de cromossomas com recurso a laser, quantificar parâmetros celulares através de citometria de fluxo, rastrear ao longo do tempo e do espaço iões e moléculas em células vivas, ver a superfície do DNA, sequenciar não apenas genes mas genomas inteiros. O manancial de dados entretanto acumulados é gigantesco. Deixou de ser da ordem dos megabytes para passar a ser da ordem dos terabytes. Esta acumulação de dados é de tal forma extraordinária que, hoje, um qualquer laboratório de biologia molecular esgota rapidamente a capacidade de um disco externo comprado uma semana antes. E no entanto, esta “aceleração” (Martins, 2003) é recente. Basta lembrar que o primeiro gene humano foi sequenciado em 1989. No ano seguinte teve início o Projecto do Genoma Humano, com uma estimativa de 15 anos para a sua conclusão, envolvendo mais de 5 mil cientistas, 250 laboratórios e um orçamento estimado de aproximadamente 53 mil milhões de dólares. Em 2001, isto é, 11 anos depois do seu início, o consórcio internacional envolvido no sequenciamento do genoma humano publicou na Nature uma primeira versão com 3 mil milhões de pares de base já sequenciados, correspondendo a cerca de 90% do genoma humano. Mais 11 anos volvidos, em Janeiro de 2012 a Life Technologies Corporation anunciou um novo sequenciador, mil vezes mais potente, capaz de descodificar o genoma humano em um dia por apenas mil dólares.

Mas, ao mesmo tempo que os cientistas fazem esta ciência de ponta em laboratórios apetrechados com sofisticadas máquinas, implementando técnicas e protocolos altamente complexos, cada vez mais se apercebem de como é importante e decisiva a interrogação pelo sentido da ciência que estão a fazer. Cada vez mais se torna claro que a explicação que a ciência proporciona deve ser complementada pela compreensão que a filosofia garante.

Este projecto surge a partir da ideia de que, quando um jovem escolhe um futuro ligado à ciência, ele está optar não apenas por participar numa aventura colectiva que visa a explicação e a compreensão do mundo, mas também, e cada vez mais, operar a aproximação a uma disciplina – a filosofia da ciência – que, segundo Granger (1986), procura compreender o sentido, o alcance e os processos desse esforço de racionalização na explicação dos fenómenos que o sentido da ciência exprime. Por outras palavras, este projecto propõe-se criar condições para que os estudantes do ensino secundário tomem a consciência de que o lugar da ciência não é apenas o laboratório mas também, e talvez sobretudo, o pensamento.

Instituição de Acolhimento

CFCUL

Instituições Participantes

FCUL; Escola Secundária António Damásio (ESAD)