O que é simbiogénese? A vertente marginalizada da abordagem evolutiva
Em: Revista Helius
Vol: 3
Nº: 1
Páginas: 219-246
Resumo:
A evolução biológica é tradicionalmente considerada como um processo gradual que consiste essencialmente na seleção natural, conduzida através de variações fenotípicas mínimas que são o resultado de mutações e recombinações genéticas para formar novas espécies. Este é um processo dinâmico que se desenvolve e responde não no sentido de perfeição e progresso, mas no sentido de adaptação a novas condições. No entanto, a evolução não é apenas o resultado de mutações e recombinações genéticas combinadas com a seleção natural. Envolve outros processos, nomeadamente associações simbióticas entre diferentes organismos, o que tem sido secundarizado ou mesmo menosprezado pela abordagem Neodarwinista. A simbiogénese, introduzida em 1909 pelo biólogo russo Constantin Mereschkowsky e definida como a origem de organismos pela combinação ou associação de dois ou mais seres que entram em simbiose, é um mecanismo evolutivo que permite uma ruptura conceptual coerente em relação a ideias evolucionistas do passado, mas simultaneamente constitui e constrói uma nova abordagem evolutiva da vida no nosso planeta. Neste âmbito, a simbiose é o veículo através do qual a aquisição de novos genomas e novas capacidades metabólicas e organismais ocorrem, tornando possível a construção evolutiva dos organismos.